As ruas pareciam em suspenso, afinal, com as palavras todo cuidado é pouco. Elas sabem acarinhar da mesma forma que se transformam em estiletes que pinicam fininho fininho. Não se ouviam mais que olhos pidões e boca cheia de suspiros, mas era tudo fugaz naquele mundo de dúvidas e de sutilezas. Ela caminhava com seu vestido amarelo cheio de largueza, mas ele a enxergava por dentro do algodão de textura macia. Andava ritmada e resoluta. Decidida como quem está numa estrada cheia de curvas e nenhuma placa esclarecedora. No ensolarado do rastro dela, porém, ele despontou da elipse que o escondia e vetou-lhe a passagem com vocábulos cheios de mimos; ela não disse nada e continuou caminhando através das fissuras de coragem que lhe ficavam à frente, desmoronadas. Então, bem lá no fim da rua, como se o acaso estivesse de sobreaviso, voltou-se e sorriu com graça cheia de metáforas. Sorriu e sorriu, saboreando cada palavra que saiu pairando e fazendo-os flutuar, acima das ruas ainda pasmas e inquietas em seu papel de cenário e de esconderijo.
Entre metáforas e fantasia V vai navegando e levando adiante o gosto pela ficção e pelo romance. Sim, porque no fim do cminho sempre haverá o encontro feliz. BJ RUTH
ResponderExcluirE disso tudo resultou um lindo e sonoro texto.
ResponderExcluirbeijos
Maria Tereza, um pequeno lindo conto. Valeu!!
ResponderExcluirBj
Ru:
ResponderExcluirNada como navegar entre metáforas, não é? Elas enriquecem e ajudam nos caminhos da maturidade e do conhecimento.
Beijos
Dulce:
Fico feliz de que você tenha ouvido a melodia das entrelinhas.
Beijos
Caro amigo das Notas &:Notícias:
Obrigada pela visita. Apareça sempre!
Abraços
Flutuando é mesmo de Chagall, aqueles casais que flutuam acima das cidades...ainda vem que ela sorriu!...Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, não é? rsrsrs
ResponderExcluirAndo com uma certa curiosidade, por palavras que foi deixando...Conhece o Porto? Conhece Braga? Já viveu cá? Ei que cusca eu estou a ser!...Se não responder, tudo bem, web-amigas como sempre!
beijinhos,
Manú
Manuela:
ResponderExcluirAdoro as pessoas flutuando nas telas de Chagall. Essa coisa de "pairar" e contemplar me atrai muito mesmo...
Quanto à sua curiosidade, já fui muito a Portugal, mas nunca para morar. Foram várias viagens, em vários momentos da vida, pois adoramos seu país, sua cultura, com destaque para a Literatura. Além disso, minha sogra era de um vilarejo próximo aO Porto, daí termos esquadrinhado toda a região em muitas oportunidades, apesar de não haver mais familiares nossos conhecidos por aí. Como adoramos viajar, Portugal está, então, sempre na mira de nossas pretensões.
Bjos,
Maria Teresa,
ResponderExcluirObrigada pela resposta, agora já compreendi! Quem sabe se um dia não vamos tomar um café por cá!...Por cá, porque por aí, não vejo jeito...meu marido nem pode fazer grandes viagens de avião!...Se algo precisar por cá, estou ao seu dispôr.
Beijinhos,
Manuela
Manuela:
ResponderExcluirAdoraria esse café! Entretanto, da mesma forma coloco-me ao seu dispor nesta terra verde-amarela.
Beijos
Um conto cinêmico... A câmera da palavra deslizando... Ótimo!
ResponderExcluirUm abraço.
Nivaldete:
ResponderExcluirObrigada. Adorei saber dessa característica cinematográfica!
Bjo
Li e reli revirando pelo Avesso e cada vez mais gosto de tão poético que é. A frase "...voltou-se e sorriu com graça cheia de metáforas", então... Belo texto, Maria Teresa!
ResponderExcluirRizolete Fernandes
Rizolete:
ResponderExcluirMeus botões ficaram felizes com seu comentário! Muito obrigada. Apareça sempre.
Bjos