Acordou e ficou rolando na cama com o travesseiro na cara, para não enxergar a luz entrando pelos vãos da persiana quebrada, por que não mando arrumar a persiana? Um domingo tão cheio de sol, mas sem corrida no parque nem café na varanda.Gostaria de viver acreditando na ilusão e fazendo pedidos pras estrelas. Como os personagens de Woody Allen. Mesmo que a realidade passasse ao lado, morrendo de rir, escancarando aqueles dentes amarelos e cariados. Decidido. Ficaria de pijama espantando a insônia e a esperança de atender o telefone, recusando o convite para ir comer ceviche naquele restaurante peruano da Rua Tabapuã. Degustação de ceviche, agora deu pra gostar de peixe marinado com coentro. Nada disso. Levantaria e tomaria um banho de banheira com muita espuma, muitos sais e água morna. Os dedos das mãos e dos pés ficariam enrugados e lisos, chegando até a doer de tanto ócio. Nada de leitura, nada de trabalho extra, nada de nada. Hibernaria com seu humor sem direito nem avesso para recuperar a própria estima. Também não. Que ridícula! Com olheira manchada de rímel adormecido, ligou o computador; isso, faria sua primeira compra no supermercado virtual, caprichando na lista de tudo que é gordo e proibido por aquela nutricionista anoréxica do spa. De-lí-cia! Pronto, só faltam os sacos de pipoca: uns 8 e enviar. Ligou a TV, ainda estava na missa, depois teria globo rural; fez um café nespresso bem forte e acompanhou com um pedação de queijo branco. Resolveu tomar uma chuveirada e encheu a banheira, não se lembrava da última vez que tinha entrado ali. Ficou olhando os dedos murcharem; faria torta de figos pro Natal e mudaria o final trágico de Sofia no último capítulo do romance, acho que dá pra entregar até o final do ano, um mês inteiro de revisão, claro que sim. Pôs aquele brinco de bola bem colorido, um vestidinho combinando e pegou o livro para terminar de ler. Quando a campainha das compras tocou, arrependeu-se das 8 pipocas, que ideia, tanto sacrifício para emagrecer! Foi guardando tudo rápido e conferiu a lista entregue junto: 81 pipocas com sabores variados para micro-ondas! Pensou na burocracia da devolução de tudo aquilo e tirou o brinco, tirou o vestidinho e pegou a camisola do cesto de roupa suja. Com o travesseiro na cara, ouviu o telefone tocando e a voz insuportável da secretária anunciando o recado: vamos comer cebiche na Tapabuã?
Caros leitores:
ResponderExcluirAlgumas pessoas têm escrito no meu e-mail que estão com dificuldades de postar comentários aqui. Estou tentando resolver o problema, mas nem sempre tenho conseguido êxito. Peço-lhes que não desistam, pois bem ou mal as coisas hão de se resolver. O retorno de vocês é mais que bem-vindo sempre.
Grande abraço
A Lourdes postou:
ResponderExcluirHoje venho tentar mais uma vez. É apenas uma experiência, pois há algum tempo que não aparecem os meus comentários.No último post que fez não aparece local para comentar, não sei se o problema é do meu computador se da net, se... não sei.
Beijos
Lourdes
Lourdes:
O problema com os comentários têm me deixado bem triste, pois esse retorno é mesmo a alma do blog.
Agradeço seu empenho e espero que os problemas que ora enfrento devido a postagens e comentários possam logo ser solucionados.
Um beijo carinhoso
Maria Teresa ´
ResponderExcluirO último comentário que fiz como experiência já apareceu. Possivelmente já está tudo bem.
Quanto à sua crónica, identifiquei-me muito com o que descreveu. Talvez devido ao período de reguardo após a intervenção cirúrgica, senti-me ansiosa por não poder retomar a minha vida e fiquei assim. Vingava-me a fazer coisas das quais me arrependia logo a seguir.
Por aí a ansiedade também deve ser grande apesar dos motivos serem diferentes.
Faço votos para que tudo corra da melhor forma nesse grande dia para a sua filha, embora saiba que para as mães os sentimentos são muito contraditórios. Mas é a vida e o que interessa é que os nossos filhos sejam felizes.
Beijinho grande.
Lourdes
Lourdes:
ResponderExcluirAgradeço muito sua solidariedade carinhosa. Fazer e desfazer coisas em momentos de ansiedade são mesmo indícios de que o coração dispara. Dispara e não olha para trás. Ufa!
Beijo grande para você também
Quer me parecer que a tábua de salvação para tanto "deixa pra lá" é o tal de cebiche da Rua Tabapuã que, espero, ela acabou indo degustar em muito boa companhia... Ou não?
ResponderExcluirBeijos, Maria Teresa.
Estou fartíssimo de tentar e não tenho conseguido.
ResponderExcluirAbraço.
Oi parece que desta foi.
ResponderExcluirAbraço.
Dulce:
ResponderExcluirTambém acho que ela deveria ir, não? Imagine perder um cebiche!!
Beijo carinhoso
Manuel:
Agradeço sua persistência. Tive mesmo muitos problemas que achei seriam insolúveis (recorri a tudo e a todos), mas, aos poucos, os obstáculos foram ficando transponíveis.
Grande abraço
Olá Maria Teresa,
ResponderExcluirJá tive dificuldades, mas ultimamente isso não tem acontecido, vamos lá ver desta! rsssssss
Já tenho tido debates acesos sobre o destino! Acreditar no destino não acreditar, eis a questão!!
Relativamente ao texto eu revi-me em certos aspectos, não sou daquelas pessoas que se levanta determinada a fazer isto ou aquilo, às vezes é mesmo uma confusão na minha cabeça!..
Gostei do retrato, está muito real e mesmo visual!
Beijos querida amiga, que escreve tão bem!
Manuela
Manuela:
ResponderExcluirA instabilidade em alguns momentos da vida parece nos deixar fora dos trilhos, não é? Fico contente de que o retrato tenha sido fidedigno.
Beijo carinhoso
Felizmente o destino se encarrega de proporcionar-nos "momentos" de felicidade, encontros providenciais e realização de nossos ideais. Sejamos-lhe gratos e aproveitemos das benesses com que nos presenteia. Muito bom.
ResponderExcluirBj Ruth
Nossa cabeça é como o universo lá em cima: explosões, derivações, acabamentos, começos, indefinições... Você compôs um momento-universo, Maria Teresa! Um grande abraço!
ResponderExcluirRu:
ResponderExcluirSaber aproveitar esses momentos faz parte da maturidade que, às vezes, não se apresenta de prontidão.
Beijos
Nivaldete:
Nossa, como eu gostei desse "momento-universo"!
Bjo carinhoso pra você