quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Volúpia



Com voz melíflua e cheia de carícias impudicas, comandava a surubada lúbrica, suando a cada novo ardil maledicente. Derretia-se em manhas de caras e poses, olhando com risadas de sarcasmo subserviente. Os outros, com expectativa de asseclas ignorantes da mediocridade vergonhosa, despiam-se sem senso num frenesi de braços e pernas ritmado.

Era uma embreagem de vislumbres em simbiose de lascívias, construídas aparentemente por impulsos mentais desencontrados, mas com tal competência de falácias e suspenses, que proporcionava fetiches com força de cachoeiras ininterruptas. Vertiginosas.

Tudo isso ele me contava com a lassidão de quem vivenciara a libertinagem, sem malícia, como todos os que ali haviam idolatrado a figura política com altivez de oráculo. Perdi a suruba, mas se estivesse diante daquele palanque, provavelmente também deixaria de ser um opositor de discernimento lúcido, para engrossar a turba turva de adeptos devassos e seminus, ávidos por comer um bocado apetitoso daquela luxúria.


9 comentários:

  1. Sem sombra de dúvidas o espírito da política é feminino, Maria!
    Beijo,
    Amanda

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  2. Amanda:
    E como é cheio de artimanhas, não?
    Beijo pra você.

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  3. Amiga Teresa!

    Não percebi bem.
    Acho que não entrou o meu comentário anterior...

    Se estiver repetido amule este! Por favor!

    Dizia que assim devassa só a política mesmo!

    Beijinhos

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  4. E tem o cheiro de luxúria por aí. O difícil é neutralizá-lo com a virtude da prudência e da vigilância consciente... Muito profundo.
    Bj RUTH

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  5. Olá Maria Teresa,
    estava navegando na net e encontrei seu Blog.

    Parabéns pelos escritos. São bastante reflexivos!

    Abraço.
    www.amandopalavras.blogspot.com

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  6. Fernanda:
    De fato, não chegou aqui outro comentário anterior.
    Busquei tantas palavras, mas você chegou com essa outra que diz tudo: devassa!
    Beijo carinhoso


    Ru:
    Neutralizar tudo isso é tarefa de gigante. Tarefa que sufoca!
    Beijos


    Fernando:
    Seja muito bem-vindo! Terei muito prazer de encontrá-lo novamente por aqui.
    Abraços

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  7. Olá querida Maria Teresa,
    Quanta perversidade!...Os meus olhos cansados, não querem ver mais e os meus ouvidos só pedem música, pode ser Bach, Rachmaninoff, Grieg, Schumann...dessa música!
    Beijinhos,
    Manú

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  8. Olá, Maria Teresa!
    Obrigada pela visita!... Pois é, o casamento é em novembro não é? Desejo antecipadamente boa sorte e muitas felicidades.

    Belo texto! E como tem ardil e maracutaias!...


    Abraços!

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  9. Manuela:
    Então somos duas. Música de embalar a alma, não é?
    Beijos


    Limara:
    Obrigada. Estou sempre de olho nas suas dicas.
    Beijos

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