sexta-feira, 9 de abril de 2010

Bumba


O nome dela é Laura. Laurinha como a chamam na pequenez de seus oito anos. De olhos expressivos e negros, assustados e cheios de ternura. Ela contou para Fátima Bernardes e também para quem quisesse ouvir que de repente o banheiro se partiu e que tudo tinha sido tão rápido que quando ela acabou de piscar não havia mais banheiro. Contava e piscava. Tão rápido como uma piscadela de cílios encurvados. Contou também que no seu colo o pai lhe disse "Laurinha, fica bem pelo amor de Deus” e que as lágrimas dele rolavam aos montes pelo rosto, como tudo o que despencou na montanha de Niterói onde o lixo explodiu. Não falou da mãe nem dos irmãozinhos, mas disse confiante que “Deus me ajudou com muitas coisas; agora vou viver minha vida, tenho muitas coisas para viver”. O Cristo de braços abertos segurou a Laurinha do morro do Bumba no tempo de uma piscadela, ufa!

15 comentários:

  1. Vi/ouvi também essa menina... Aliás, 'menina', neste caso, é só um nome. Ela é mais poderosa que a montanha caída... Esses governantes idiotamente irresponsáveis deveriam se aconselhar com ela. Humildemente. Sobretudo, aprender.

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  2. Eu assisti e vi essa menininha que me encantou. Coitadinha, sabe bem das coisas...beijos,tudo de bom,chica

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  3. Também me comovi com Laurinha, pensando em quantas outras Laurinhas o Cristo não tivera tempo de socorrer...
    Tristeza infinita...

    Beijos, Teresa.

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  4. Maria Teresa
    Quanta tristeza a dessa gente que viu desaparecer tudo dum momento para o outro. Que bela lição de vida a da Laurinha que perante a desgraça, tem essa atitude " agora vou viver minha vida, tenho muitas coisas para viver".
    Beijinhos
    Lourdes

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  5. Oi, Nivaldete:
    Agora é hora de um jogar no colo do outro a responsabilidade do lamaçal! Quantas lágrimas derramadas que se confundem com a chuva que não pára de cair...
    Beijos


    Chica:
    Bem-vinda! A menina enxerga longe mesmo... Depois do que disse, já se tornou símbolo da tragédia e, seguramente, esperança para os que ora acreditam nada mais esperar da vida.
    Beijos


    Dulce:
    Fico imaginando a tristeza dos pais que nem encontram os corpos dos filhos; quantos sonhos enterrados para sempre...
    Beijos


    Lourdes:
    Pois é, ouvindo-a, todos nós passamos a valorizar mais cada um dos momentos, afinal, tudo pode acontecer no tempo mesmo de uma piscadela...
    Beijos

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  6. Amiga Teresa,

    Felizmente a Laurinha safou-se... fiquei comovida.
    Todos estes dias ouvimos as notícias e ficamos com o coração apertado de dor.

    Oxalá ela seja protegida bem como todos os sobreviventes dessa terrível tragédia.
    Dos traumas desse dia, ela jamais se livrará.

    Beijos

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  7. Fernanda:
    São marcas profundas que ficam gravadas para sempre, é verdade. O que se espera, depois do caos, é que os erros todos sirvam de aprendizagem...
    Beijos

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  8. Maria Teresa,
    Passeei pelo seu blog. É lindo! Cheio de poesia e também de realidade como esta, a Laurinha.
    Parabéns! Virei sempre aqui.
    Visite-me tbm: www.ivanikubo.blogspot.com
    Abraço,

    Ivani Kubo

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  9. Bem-vinda, Ivani! Estes botões ficaram felizes com sua mensagem. Vou visitá-la!
    Abraços,
    MTeresa

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  10. Maria Teresa..
    Não tem como a gente ver tanta coisa acontecendo com pessoas de carne e osso como nós e ficar indiferente,. E onde se encastelam os responsáveis por tanta tragédia e tristeza? Culpar a natureza é muito simplista demais. Entendo assim..

    Abraços, minha querida

    Maria Alice

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  11. Caro José:
    A natureza está aos berros, mas os "muros são surdos", como diria Drummond...
    Abraços

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  12. Olá, Maria Alice:
    Sem dúvida, concordo com você. Simplista e cômodo, diante do mar de lágrimas que já foram derramadas.
    Fiquei feliz de encontrá-la por aqui!
    Beijo carinhoso.

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  13. Querida Maria Teresa! Comovente, tocante, como tudo que vem se derramando diante de nossos olhos após mais uma tragédia anunciada! Beijos!

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  14. Cassia:
    E quantas tragédias... Quando as feridas da sensibilidade parecem estar recuperando-se, abrimos os jornais e lá estão elas, bem à vista...
    Beijos

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