Ficou curiosa de saber que o seu amor era amarelo e não rosinha bebê que tinha formato e som característicos e que era inesgotável naquele colorido ocre nada ictérico ensolarado como gema de ovo. Então saiu com seus passos vacilantes e enrugados pelas ruas olhou para a cara das pessoas e percebeu que a cor de açafrão deveria ser transparente pois ninguém se ofuscava nem se desentristecia com ela; todos estavam muito ocupados com sua palidez do de dentro que as despigmentava por fora. Foi quando resolveu alegrar o mundo e tornou-se camelô de cores e de amores de todos os perfis. No começo teve até algum prejuízo pois o desbotado muitas vezes empalidece de tal forma que evapora em forma de fumaça mas depois os clientes foram se chegando invadindo sua banca de entretons e disputando labaredas fagulhas e luzeiros. Saíam mais os amores escarlates, ruborizados de propósito em nuances dos mais diversos tanto que os assanhados em carmim logo estavam em falta. Mas os verdes tom de abacate de esmeralda e de clorofila não ficaram atrás junto com os azuis da Prússia e os índigos comuns neste tempo em que tudo se harmoniza no conforto de um jeans. Curioso no entanto foi perceber que à medida que os amores iam sendo comercializados - mas entenda-se que isso foi apenas pró-forma pois as coisas amorosas são avessas a esse tipo de transação - ela ia rejuvenescendo e se embelezando e o enlourado de seu amor começava de novo a se pirilampear e ter o pasmo dos recém-nascidos. Tinha ouvido certa vez que amor nunca tem sobra nunca se desperdiça nunca envelhece e deixou que sua ideia de mercador se expandisse em franquias mesmo que mascaradas por paladares joias perfumes melodias. Foi então que entendeu por que os antigos sempre pintavam o amor menino e por que o arco-íris sempre termina num pote de ouro. Amarelo.
(imagem: http://www.google.com.br/imgres)
Olá Maria Teresa,
ResponderExcluirA tua imaginação é prodigiosa. Parece que sou sempre a primeira a chegar aqui, porque estou sempre a ver quando há post novo. Gosto das tuas metáforas.
Comercializar amor de facto pode levar para outro aspecto, embora popularmente se diga «tem amor para dar e para vender»! Mesmo que o amor fosse vendido, no bom sentido, havia uma grande fila de compradores, porque o que há mais é desamor!..
Beijos,
Manuela
Amiga Teresa!
ResponderExcluirO amor é luminoso sim, colorido e não tem idade!
Como é bom ler-te!
Beijinhos
Ná
Manuela:
ResponderExcluirEstou ficando mal acostumada com suas gentilezas.
De fato, como seria grande a fila... Aliás, não haveria mais ninguém fazendo outra coisa...
Beijos
Fernanda:
É tão luminoso que não cansamos de falar dele, não é?
Bjo carinhoso
E o amor é brilhante e misterioso! Cheio de nuances de cores e sons, e como nos envolve!
ResponderExcluirBj RUTH
Ru:
ResponderExcluirNunca se vai entendê-lo perfeitamente, isso que é o mais instigante!
Bjos
Talvez seja o amor o tema mais falado por poetas e romancistas. E nunca falta o que dizer!... E você disse coisas tão ricas!
ResponderExcluirUm beijo.
Maria Teresa
ResponderExcluirForam só uns dias em que estive impossibilitada de vir ouvir seus botões, mas sinto-me recompensada ao chegar aqui, com tantas cores, nuances, belezas em cada um dos posts que vou lendo... Minha amiga, permita-me dizer-lhe que você escreve lindamente...
Beijos e uma linda tarde para você.
Nivaldete:
ResponderExcluirMesmo que se queira evitá-lo, ele aparece com um detalhe que é impossível deixar de mostrar. E assim vai virando tema e vai virando personagem.
Obrigada pela ternura da mensagem.
Bjos
Dulce:
Como já lhe disse, você sempre faz falta! Que bom que está de volta com todo seu carinho!
Beijos
Eu também me senti com "o pasmo dos recém-nascidos" ao saborear este belo e colorido hino ao amor dádiva... e amarelo, claro!
ResponderExcluirBeijinho
Voltei, só um instantinho, para lhe dizer que no "euquicas" tem um selinho que, caso assim queira, poderá trazer para este seu cantinho.
ResponderExcluirBeijinho
Querida Maria Teresa, sempre venho aqui com a certeza de achar um texto rico e bom de ler. Como essa prosa poética, tão bem tecida de cores, amores e suas indefinições maravilhosas. Uma delícia ler você.
ResponderExcluirBeijos.
Quicas:
ResponderExcluirAgradeço muito sua mensagem sempre tão querida. E também o selinho que faço questão de bucar no "euquicas". Sinto-me privilegiada!
Abraços
Dade:
Você é mesmo um amor!
Beijos
Amiga Teresa!
ResponderExcluirEstamos a chegar ao fim do primeiro dia lá no Rau!
Espero que alguns aproveitem o sarau para passarem por cá e ler este teu texto maravilhoso.
Estaremos juntas ainda mais dois dias.
Visitar-te-ei, pelo menos uma vez, em cada um deles.
Beijinhos
Ná
Ná
Querida amiga Fernanda:
ResponderExcluirAgradeço muito seu carinhoso retorno. Que a festa na Casa do Rau continue com esse astral positivo e com as alegrias que só você, com sua criatividade, é capaz de oferecer.
Grande beijo,
Maria Teresa
ResponderExcluirEstou vindo da Casa do Rau e vejo que a amiga Ná tem amigos de grande primor.
O amor é a essência da vida e se usei um clichê é por que definir esse sentimento é grandioso. Olhemos para este nosso Universo onde o amor nasce, se transforma, renasce em todo o seu infinito.
Beijos
Vim ler o resto do texto que a minha mãe sugeriu.
ResponderExcluirEm boa hora!
Serei um seguidor muito pouco presente, não por vontade própria, mas por total falta de tempo.
Longe da pátria e da língua mãe, sinto urgência em ler, quando posso, textos pequenos mas "enormes" na sua qualidade.
Encontrei na sua escrita tudo o que preciso.
Correcção e muito descernimento.
Voltarei, sempre que puder.
Abraço
Pedro Ferreira
(filho da Ná)
Irene:
ResponderExcluirSeja muito bem-vinda! Fico muito grata à Ná por referir-se a este espaço do Ouvindo meus botões com tanta delicadeza. Aguardo-a sempre por aqui.
Abraços
Pedro:
Tenho muito ouvido falar de você. As visitas na Casa do Rau guardam-lhe sempre um espaço muito especial.
Agradeço muito suas considerações e ficarei muito feliz com seu retorno!
Grande abraço