sexta-feira, 25 de junho de 2010

Poesia


Há tempo em que as coisas do amor são tratadas com a sofreguidão dos exageros e dos entusiasmos cheios de excesso próprio de tudo que vai além do ponderado, mas com a ousadia característica de quem vive esse momento de delícias. Então não se escutam os tambores anunciando as notícias e a vida gira em torno de um eixo impregnado de suspiros e de delicadezas. Há tempo em que todos esses assuntos de amor passam por uma revisão cuidadosa e o racionalismo aponta caminhos de regras de conduta com hora certa como se os despertares e adormeceres estivessem condicionados a esses preceitos mais que definidos. Então os mínimos ruídos são levados em conta, pois o que estrutura todos os movimentos desenvolve-se com maturidade depurada e digna de quem vive esse momento de juízo. Há outro tempo, no entanto, em que os ramos de um e de outro tempo viram ramalhetes com as dispersões do que surgiu pleno de folhagens e de floradas e o amor, que ainda continua um mistério, torna-se precioso como uma pérola. Então é possível ouvir a melodia dos que aprenderam que sobre o amor não se pensa, como se ele fosse entidade distinta, porque está impregnado, com todas as suas texturas, com todos os seus perfumes. E a melodia acalma e faz planar, encanta e faz conhecer o real sentido do amor, matéria de poesia.

8 comentários:

  1. Uau!!!

    Permita-me lê-la e deleitar-me
    Tudo de bom mil beijos

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  2. Iracema:
    Obrigada pela visita carinhosa! Fiquei feliz.
    Bjo

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  3. Delícia de crônica, Maria Teresa. É assim mesmo.

    Também amei Memorial do Convento, e cheguei a citar o livro, e na hora de revisar, não sei por quê, a citação sumiu. Mas você tem razão, é um grande romance.

    Beijo e ótimo fim de semana.

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  4. Dade:
    Bom saber que você pensa como eu.
    Quanto ao Memorial do Convento, cheguei mesmo a visitar Mafra só para conferir o quanto a ficção aproximava-se da realidade.
    Beijos

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  5. Excelente texto sobre o amor.
    Amor é para mim algo que se solta, que se liberta de tudo, como uma espécie de ave com 4 asas sintonizadas, que pairam em uníssono, num voo cheio de leveza!...
    Beijinhos,
    Manuela

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  6. Manuela:
    Obrigada pela contribuição valiosa. Também acredito que o Amor seja entidade com personalidade própria, independente.
    Beijos

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  7. Já falei sobre Lygia e agora vem você fazendo loas à poesia. Muito próprio e oportuno já que vivemos em um mundo materializado e alienado. Viver essa poesia é intelectualizar o bem, a verdade e a felicidade . RUTH

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  8. Ru:
    Obrigada por sua visita sempre tão acolhedora!
    Beijo carinhoso

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