sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Azul


Então olhou para trás, com aquelas olheiras fundas, tentando mesmo encarar com seus olhos azulados que não viam nada, mas soluçavam para dentro como se estivessem torcendo as mágoas e as margaridas. Milhares de pétalas estavam ali no chão, maltratadas e desfeitas; logo mais seriam levadas pela enxurrada cotidiana de todas as tardes, exatamente como tem acontecido com pessoas, carros e lixo, tanto lixo despido de escrúpulos. Foi um olhar sem roupa, sem carinho, sem lembranças. Vago, vazio, oco. Senti vontade de pular para o interior daquela ausência e de começar a história de trás para frente. Logo desisti, irritado pelo encantamento que senti emanar de mim, pois o vazio cheio de céu não mais percebia minha figura esgarçada de hálitos azedos.

8 comentários:

  1. Uma prosa poética que retrata exatamente como ficamos diante da ausência de ações que levem à consciência do melhor para nós e para o planeta. Não devemos nos sentir impotentes diante dos obstáculos, temos que ser superiores a eles para que essas situações negativas 'rolem' e abram espaço para novas perpectivas em nossa mente, novas modalidades de atitudes, novos sentimentos em nossos corações. Beijos.

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  2. Oi Querida, que forte o post de hoje...com o calor que faz aqui quem tem olheiras fundas sou eu!

    O Convite é de verdade viu? Porto Alegre é um encanto e, se vier, não deixe de me dizer! Será um prazer "desvirtualizar" :-)

    Beijo,

    Cacau

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  3. Cacau:
    Às vezes as palavras precisam pesar mesmo para traduzir os desencontros, né?
    Cada vez que visito seu blog, tenho vontade de arrumar as malas!!
    Bjos

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  4. Tânia:
    Felizes dos que têm essa força e essa autoestima para mudar o rumo e descobrir novos caminhos. Penso como você, mas às vezes até o azul parece tenebroso...
    Bjos

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  5. Oi, linda!

    Adorei sua visitinha, Maria Teresa, e deixei recadinho pra você lá!

    Olha, seus textos estão cada vez mais profundos e cheios de alma!

    Voltarei mais vezes!

    Beijos!

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  6. Limara:
    Obrigada pelo carinho. Meus botões adoram sua visita.
    Bjos

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  7. Oi Maria Teresa!
    Estava saudosa de suas palavras que nos dizem tanto.
    O melhor é mesmo deixarmos o lixo ir embora e aprimorarmos nosso olhar para o que de belo ainda existe.
    Um grande abraço,
    Flávia.

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  8. Flávia:
    Os botões daqui ficaram felizes com sua visita. Eu também estava saudosa de sua presença amiga, sempre cheia de ternura.
    Beijos.

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