domingo, 9 de agosto de 2009

Laços

Essa minha mania de arrumar armários vem comigo desde muito cedo. Desde que eu usava aquele uniforme marrom de saia pregueada e camisa engomada, presa ao pescoço com um enorme laço também engomado preso à camisa. Tinha prazer de observar tudo no lugar e não ligava de fazer isso para todos naquela grande casa de família grande. Parecia que o sabor da vida ficava diferente se as coisas estivessem harmoniosamente postadas. Meu pai não cansava de admirar a meticulosidade desses atos e valorizava cada detalhe e percebia nuances que às vezes passavam despercebidos até mesmo por mim. Saudade daquele tempo em que ele me levava para o colégio e me dizia o seu rotineiro desce, Tê! com uma ternura doce que me fazia começar bem o meu dia de uniforme marrom de saia pregueada. Hoje ele não está mais aqui, mas aquele doce desce, Tê! ainda é música em meus ouvidos, para que a vida continue apresentando-se sempre vestida de laços engomados, presos aos meus sonhos e às minhas alegrias.

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