sexta-feira, 7 de agosto de 2009

João e Maria

A enorme lua cheia estava ali, havia no ar um aroma de alecrim e eu me lembrava da canção que dizia que “agora eu era o rei e pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz”; deveríamos então sair e comer um beirute com suco de tangerina em vez da sopa light cotidiana para apreciarmos a noite convidativa àquele nosso faz-de-conta; deixaríamos todos os jornais trancafiados em casa aprisionando os discursos mentirosos e aproveitaríamos o cheiro das plantas, ainda bem que havia muitas plantas e árvores e flores em nossa rua, que cheiro bom! Caminharíamos de mãos dadas olhando as vitrines cheias de panelas vermelhas e de facas de churrasco, como se todos os pais de todo mundo tivessem perfil de cozinheiro e gostassem de fumaça e de carvão e falaríamos de a e de b, só para dizer que estaríamos falando de alguma coisa, pois o importante era andarmos de mãos dadas vendo que a cara da lua ficava cada vez mais distante; tudo isso seria possível porque “a gente já não tinha medo, no tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido.”

2 comentários:

  1. Professora Fornaciari,

    Que boa surpresa, lindo blog!
    Com saudades das leituras e das aulas sobre Schopenhauer,

    Fabiana Nanô

    ResponderExcluir
  2. Que delícia lembrar aquele tempo, Fabiana! Que desafio o de desvestir máscaras! Que prazer encontrar você por aqui!
    Beijos,
    MTeresa

    ResponderExcluir