terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cheiros

O cheiro do som é bom, a menos que seja o tum tum tum do bumbo que toca sem compaixão; a música perde a melodia e invade os tímpanos com um batuque surdo e acre, que obriga a gente a colocar o primeiro CD que aparece na frente para despistar aquele espantalho de som com cara de monstro auditivo. E a melodia do CD encobre o tum tum tum azedo e fininho que entra nas fissuras da alma e fica tudo misturado, embaralhado, desconjuntado, até que um tímido cheiro de flor de laranjeira vai chegando e impregnando com gosto de bolo de limão com aquela crosta branca e delicada de açúcar por cima. E aí o tum tum tum audível é apenas o do coração que cantarola ritmado, pronto para distrair a vida que chega aflita para comemorar a noite com cheiro virgem de lua nova.

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