sábado, 28 de novembro de 2009

Janelas

Era apenas um quarto de hospital tamanho médio, com uma cama cheia de botões que indicavam movimentos para cima e para baixo, uma poltrona que permitia estender os pés, um sofá comum, desses forrados de bege, uma mesa triangular pequena e janelas com persianas que, se abertas, não davam a lugar nenhum. A parede da cabeceira da cama era laranja. Estávamos ali sem luz acesa no meio da tarde cheia de chuva, falando baixinho, quando o telefone tocou com a impertinência própria dos telefones. O quarto encheu-se de perfume e o alaranjado tornou-se vivo, dando mais contraste ao quadro que quase não tinha sido notado na outra parede. Nunca aquelas janelas do quarto de hospital tamanho médio fizeram ver um horizonte tão colorido no meio de uma tarde tão cheia de chuva. O mundo todo coube lá dentro e encheu-se de sorrisos em forma de lágrimas cheias de ternura.

(foto: http://egoeeu.wordpress.com/category/11-bau-do-raul/)

3 comentários:

  1. Amiga Teresa,

    Devem ter recebido notícias maravilhosas...que bom!!!
    Belo o seu texto, como sempre, mas mais enigmático do que o habitual.

    Beijinhos

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  2. Lindo demais, amiga! Para muitos, as janelas dos hospitais são as únicas janelas da vida. Beijos!

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  3. Tânia:
    De fato; a vida faz-se sentir também através de janelas que se abrem para promessas cheias de cores.
    Beijos pra você.

    Fernanda:
    Notícia boa abraça a gente com um jeito tão terno, que o abraço dura e dura e se alarga, abraçando também os amigos queridos.
    Beijinhos.

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