sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Céu

A camisa verde vivo destacava nela aquela sensação de alegria que jorrava no meio da mesa de pratos verde-claros e amarelos; tons suaves contrastando com o verde vivo da camisa que lhe cabia bem, enquanto saboreava uma sobremesa de claras e sorria com um sorriso de praia. Se o prazer, como o riso, não alcança toda sua plenitude, senão quando partilhado, ela dividia conosco a sensação que sentiu, certa vez, num momento de solidão quando pisava a areia, em meio a uma multidão de ondas arredondadas. Olhava para o céu. Fundo. Olhava? Não olhava. E nos contava com aquele grande talento que ela tem de ficar satisfeita e sondava cada uma de nós, para ver se de fato captávamos a grandiosidade daquela revelação: o importante não é olhar o céu, mas fazer parte dele, desfrutar do azul com o pertencimento de quem sabe que a felicidade não vale apenas quando permanece para sempre. Foi um momento de epifania, e as claras da sobremesa dela transformaram-se em nuvens que nos transportaram com leveza e com ternura para dentro de nós mesmas, aeradamente.

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