segunda-feira, 27 de julho de 2009

Poltronas


Ontem li no Estadão sobre as experiências de leitura de muitas pessoas conhecidas e pude ver o espaço escolhido por cada uma para invadir o universo das palavras. Havia poltronas aconchegantes, reclináveis, cadeiras de espaldar ereto diante de mesa apinhada de livros, pilhas e pilhas deles espalhadas por bibliotecas cuidadosamente projetadas ou mesmo dentro de caixotes improvisados. Anotei até alguns títulos sugeridos, mas fiquei mesmo impressionada com o deleite de um menino de 10 anos, já viciado em olhar o invisível com olhos de lince, neste tempo em que as pessoas sonegam o valor do que normalmente fica escondido nas entrelinhas. Imagine fazer uma aposta com um amigo para ver quem acabaria primeiro de ler uma obra de 200 folhas, numa só tarde! Aquele menino de fato me restituiu um pouco a esperança e lembrou-me a menininha do conto Felicidade Clandestina da Clarice, que fingia que não tinha o Reinações de Narizinho, só para depois ter o susto de o ter. Às vezes, também eu adio o momento de começar um livro, como se fossem imprescindíveis algumas condições, sem as quais a leitura não pudesse ser iniciada de maneira alguma. Porém, quando as palavras começam, saltitantes, a dançar e a compor sua história, parece mesmo que estou nadando devagar num mar suave e perfumado, e que as ondas me levam e me trazem com ternura.

8 comentários:

  1. Nas primeiras horas de seu Blog, tornei-me sua seguidora e deixei, com muita alegria, o primeiro comentário em seu texto Tapetes. Infelizmemte, e por alguma deficiência digital minha, esse comentário não aparece lá. Então, digo agora, que não importa onde esteja, se bem sentada ou em pé, sempre que leio seus escritos sinto aquele espanto inicial de que Caeiro tanto dizia, pois sua maneira poética de traduzir o mundo faz renascer meu olhar para a vida. Parabéns, amiga. RIT@

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  2. Rita: Como é bom saber desse seu terno olhar em ping-pong, que cotidianamente joga sol no meu rosto e abraça minha alma.
    Beijos,
    MTeresa

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  3. Não posso deixar de concordar com a Rita (aí acima) que o seu blog é viciante! Entrei para conhecê-lo e não consegui parar de ler todos os comentários!
    Porém o mais recente me tocou de uma forma, pois acabo de ler uma coleção inteira de livros em 2 semanas e me lembrei o quanto é gostoso ficar presa em uma história! "Competir" com o tempo para engolir um livro!
    Infelizmente agora não consigo deixar os personagens irem embora... rs! Mas garanto que logo mais inicio outra leitura para me deixar novamente imersa num mundo novo de outra aventura!
    beijos grandes,
    martha Ferrari

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  4. Martha:
    Acredito que essa sensação de plenitude, que você sente a cada livro que lê, seja um privilégio daqueles que "trouxeram a chave", como diria Drummond. Fico feliz por você.
    Beijos,
    MTeresa

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  5. Maria Teresa, como é bom poder matar a saudade das suas palavras e relembrar tempos do colégio. Adoro esse jeito SEU de escrever! Muito sucesso para você. Parabéns por ser essa mulher iluminada e tão querida. Saudades.
    Verônica Coluci

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  6. Bendita internet, Verônica! Tinge os laços de cores vivas e perfumadas... Como é bom!
    Beijos,
    MTeresa

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  7. Professora,

    Que prazer poder "revê-la", mesmo que virtualmente! Sem dúvida nenhuma, ler seus prazerosos textos traz uma proximidade maior que muitas conversas do dia a dia que temos por aí! Gostosa nostalgia dos tempos de colégio... Saudades. Beijos,

    Vinicius Aloe

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  8. Vinicius:
    Tem horas que a gente carece de acordar no meio de nossas mesmices, para resgatar ternuras assim... Que alegria!
    Beijos,
    MTeresa

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